Reverencio
a terra da minha infância,
do coração da meninice
e da verve da velhice.
Domínio dos meus sonhos,
refúgio dos tempos risonhos,
acalanto dos meus amores.
Esteio da minha vértebra,
rascunhada nas loucuras,
sem rima,
do imaginário da menina.
Uma linda história de amor,
nascida no auge da esperança.
Do passado,
brotam lembranças:
o trem,
a estrada sem asfalto.
O caminhão de leite,
alegria da meninada,
para chegar à Escola,
na cidade conurbada.
A estação do trem,
paisagem dos mensageiros,
era alegria contida,
a cada trem que partia.
Uma vez ou outra...
despontavam os amores passageiros,
para alegria das comadres,
que observavam o dia inteiro.
Do São Manoel, o Colégio Salesiano,
vinha a instigante magia da cultura.
As Missas aos domingos,
eram encontros definidos
por um misto de oração,
alegrias,
simpatias
e o cafezinho das Marias.
Da nossa casa, ouvia-se
a banda do Padre Clóvis.
O canto da passarada
fazia coro à melodia sagrada.
Subir os morros...
era o nosso desafio.
No Rio Paraíba,
cheio de ritos e mitos,
a molecada se atracava,
para as primeiras braçadas.
Era tão importante a nossa Terra...
teve até Santa Casa,
Posto de Puericultura,
o Bar da Dona Maria Coelho
e finalizava a cidade,
com o Bar Último Gole.
A casa do bambu
foi o nosso primeiro refúgio,
quando do Estado do Rio
chegamos.
A Escola Coronel Horta,
o acolhimento do saber.
Andar nos trilhos da ferrovia
era pura fantasia, exercício
de equilibrismo e superação,
para momentos de educação.
Muita emoção!
O Rio das Velhas...
desfilava suas águas,
numa sinfonia encantada,
de mãos dadas
com os sapos e as cigarras.
Ah!...o Rio Jacu...
silencioso,
garboso,
descia a Mantiqueira
para alegria da moçada.
Lavrinhas...
do primeiro estudo,
do início da profissão,
do primeiro amor.
Cenário escolhido para
os meus filhos.
Amor incondicional!
A cidade de uma rua só,
com vária denominações,
celebra cem anos passados.
Terra do descaminho do ouro,
afaga no seu ninho
o amor filial,
dos nascidos ao lado,
com o gentílico universal,
lavrinhense!...