Minha cidade tem uma rua só.
Recebe várias denominações:
começa com Manoel,
termina com Virgílio D'Avila.
No meio, fica a Coronel,
fundador da cidade.
De um lado a ponte de ferro,
cobre o rio que passa.
Mais à frente,
a ponte branca de cimento,
é o cenário dos amores.
A cidade ilhou o rio,
inverteu a realidade.
Ao fundo, vè-se a serra,
ora azul, ora tristonha,
manda o recado
sobre o tempo,
deslimita o sentimento.
O vento gosta de se mostrar
sobre toda a cercania.
Passa leve, ou passa ligeiro,
de janeiro a janeiro.
Quando resolve enfurecer,
os telhados voam primeiro.
Os morros aparam os uivos,
dos ventos enlouquecidos.
O trem atravessa os caminhos
e a estrada ladeia a ilha invertida.
Como tudo neste terra,
o samba tem uma nota só,
regido pelo maestro,
pescador de almas.
Tudo fica misterioso,
dependendo da hipotenusa.
O silêncio está calado,
seu barulho bem guardado.
A lua nasce sorrindo,
sobre o colégio dos padres.
Ilumina amores perdidos,
nos paredões de cascalho.
O sol nasce alto,
bem acima do morro,
meio zonzo,
lamenta a insônia da noite.
Minha cidade é uma beleza.
A simplicidade não permite a tristeza.
As janelas podem sorrir abertas,
anunciando o dia ou a noite.
Portões sem tranca,
alimentam a esperança,
na Terra abençoada.
Lavrinhas...
nasceu no ciclo do ouro,
não perdeu o seu destino,
ao som dos sinos do Colégio.
Vai levando a florada
a toda passarada.
que em contrapartida
devolve a sinfonia,
nas manhãs iluminadas.
Vivas à Lavrinhas,
a Terra do bem viver!
Vivas à Lavrinhas...
cidade de bem querer!
foto by Zaciss