Ah!
o poste obsceno,
sozinho na solidão,
observa o povo que passa,
não percebe, meio sem graça,
os contornos da vaidade
e o perigo que promove.
Ganhou companhia...
robustas tartarugas
completam a fantasia,
transformam a única rua
na montanha da folia.
Semáforos que podem
traduzir segurança,
não estão escritos
nos ritos da governança.
A cidade caminha, sem dó,
sob à falsa seriedade.
Que pena!...
A urbe tão pequena
abafada na vaidade!
O açoite expõe o povo
sem riso, nem esperança.
As estrelas choram.
O vento afaga o destino
do poste obsceno.
foto Zaciss