Sou bicho do mato.
Nasci na senzala...
continuo habitando
o meu canto verde.
Pássaros, borboletas,
abelhas, marimbondos,
insetos nocivos...
gato, cachorro,
fazem parte do meu habitat.
As árvores...
graviola, pitanga, araçá,
goiaba, abacaxi, mamão,
acerola, uvaia, sapoti,
jabuticaba, maracujá,
banana, cana, limão...
cercadas de palmeiras,
onde cantam os sabiás..
Vivo no museu da Natureza,
pé no chão,
sol cambiante,
chuva criadeira.
As flores dão o tom ao sorriso
matreiro para as lendas fugazes.
No entorno do fogão à lenha.
a rede acolhe a inspiracão,
parideira de poesia.
Sapatos e sortilégios
fugiram do meu armário.
O trabalho formal,
cheio de protocolos,
paradoxal,
deu lugar ...
à brisa soprada
pela lua fininha
romântica e faceira.
Ser bicho do mato,
enleva a minha gênese ,
puri...
na minha aldeia.
Sou bicho do mato!
Texto inspirado em "Bicho do Mato" do Mestre Dartagnan Ferraz.
foto by Zaciss