Zaciss

Será?...

Textos

Oriunda de uma região distante, quase seiscentos quilômetros da minha casa, culturas diferentes, alguma diferença nas relações, salto alto, indumentária formal... cheguei  à Fazenda  com a missão de resgatar a Escola. 

Área rural, meninos chapeludos, botas com esporas, palitos nos dentes, canivete na cintura,  cuspindo a toda hora. As meninas vestidas com calças jeans, botas e bonés na cabeça. Flores não podiam pegar... "não era coisa para menina agropecuária".

Energia elétrica precária, água viajando pelo encanamento enfartado, com mais de sessenta anos. Telefonia ... invadida pelas casas dos marimbondos, raramente se ouvia do outro lado.
À noite...pirilampos enfeitavam a escuridão, em meio aos causos de assombração.
Ao lado um grande presídio, às vezes alvoroçado, outras...silêncio calado.

Todos os dias, eu já vestida de sinhá da roça, ...  chegava junto com os primeiros a trabalhar e depois os meninos para estudar. Como de costume...bom dia!...bom dia!...bom dia!... nenhuma resposta ecoava nas manhãs frias, frias de sentimentos, frias pelo tempo. Mas...continuava a desfilar o meu bom dia... o boa tarde e o boa noite. Sem retorno, seguia o meu caminho procurando estratégias para reverter o quadro.

Um belo dia...ao dizer bom dia, um coro acompanhou...todos responderam, cansados da minha insistência e resiliência.

Com o passar dos dias, meses, fui morar na casa destinada para minha residência, duzentos metros da sede da Escola. Eu cortava o caminho trilhando sobre o campo de futebol. Quando me avistavam da varanda da Escola...o coro soava como uma sinfonia...booom dia!...

zaciss
Enviado por zaciss em 06/09/2021
Alterado em 04/09/2023


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