Calor molhado...
suores por todo lado.
Ontem...trinta e cinco graus.
A alimentação precisou ser bem pensada.
O fogão sorria para a folga. Saladas, sucos...
ocuparam o status principal na mesa posta.
Muita água. Difícil espantar a sede.
Rua deserta. Silêncio em abundância.
Os pássaros voavam calados.
Os gatos espichados embaixo das sombras.
Os cães, sem latidos, sem ruídos, olhavam para a luz do sol sem nada entender.
As flores...assustadas sentiram o olor amarelado da luz solar.
Pés no chão, roupa solta, cabelos presos, alguns banhos durante o dia.
Nesse cenário pulula a reflexão...
máquinas descerrando os morros para a demonstração da terra vermelha, compacta,
reunida num só torrão.
projetos para edificação nas matas ciliares dos recolhidos rios.
a Justiça atiça os ouvidos moucos.
árvores tombadas...dizem que sujam o chão, derrubam folhas, dá trabalho.
a secura do mato gera o fogaréu.
as águas de março nem foram embora, mas a secura chegou.
A siriema não canta, não chama a chuva. Anda decepcionada com os verdes que se despediram.
No lamento...
percorro as dezessete nascentes mortas que residem no entremeio entre a Nossa Casa e a Via Dutra, três quilômetros lineares.
Hoje...
os cantares chegaram aos apelos para os anjos e arcanjos. Cai a chuva fina, criadeira.
dos trinte e cinco graus... o termômetro arrefeceu... vinte graus! Reina a amplitude térmica de quinze graus.
Ontem não parecia hoje. E hoje... poderá sorrir para o amanhã?
Sem água, sem árvores, sem verde... o Planeta não sorrirá!
A humanidade sucumbirá!...
foto by Zaciss