O ano... 1974.
Noite escura. Chuva fina. Chuva criadeira. Chuva para a noite inteira.
Saia da Faculdade em Cruzeiro, SP, rumo a Piquete, SP, onde morava, por voltas das vinte e duas horas.
Dirigia o fusca verde, acompanhada da colega Shirley. Íamos tagarelando...
A estrada estava em manutenção. Recebia novo recapeamento.
Ao passarmos pela curva do cemitério municipal, em dias normais , avistaríamos a Serra da Mantiqueira.
Em meio à escuridão daquela noite, seria impossível a identificação dos grandes montes.
De repente... avistamos luzes ou algo parecido com queimadas. Comentei com a minha amiga sobre o meu estranhamento. Seguimos...
Ao passarmos pelo Posto da Polícia Rodoviária Estadual, percebemos que a luz se aproximava...e se aproximava...
quanto mais olhávamos...mais a luz se achegava. Chegou tanto... que parecia acompanhar o carro. Foi quando pudemos perceber que era um objeto voador com muitas luzes e de várias cores. Se fosse hoje...eu diria: um drone iluminado!
A estrada deserta não acolhia outros viajantes. Na solitude noturna... duas jovens senhoras, estudantes, viajavam sozinhas pela estrada afora. Chegou a insegurança, talvez o medo do desconhecido e a luz se aproximando, como um gigante vagalume. Resolvemos retornar para pedir ajuda aos policiais do "Posto de Guardas", como aqui denominamos. Ao acender a seta...o objeto, também, acendeu a sua "seta". Era a comunicação não esperada.
Apesar do cenário obscuro e incerto, resolvemos prosseguir a viagem. Ao caminhar mais uns três quilômetros, encontramos o acampamento de lona na rotatória do Bairro Embaú. O medo dominava as nossas ações. Resolvemos parar e pedir ajuda aos trabalhadores. Quando chegamos... fomos recebidas com muita ironia pelos homens, eram muitos... riram ao saberem da nossa história e colocaram em dúvida as nossas intenções. Dentre aquelas pessoas, existiu um senhor mais velho que se prontificou nos acompanhar até Piquete. Com o terço nas mãos, ele entrou no carro e seguiu rezando.
Senti-me segura para dirigir o fusca e ao caminhar por mais uns três quilômetros, olhamos para a Serra da Mantiqueira... ali estava um "chapelão" brilhante! Um objeto gigante, iluminado e estacionado. Não se moveu!
Enquanto isso...o objeto que nos acompanhou desapareceu.
Ao chegar a Piquete, fomos recebidas pelos nossos maridos. Prontamente, eles resolveram retornar com o nosso acompanhante para o acampamento. A minha curiosidade me fez voltar ao lugar. Quando passamos pelo objeto maior parado na Serra da Mantiqueira... ele continuava lá... estático, brilhante, observador, desafiador.
Ao chegarmos ao acampamento, foi grande a surpresa... os homens que riram do nosso relato estavam com os olhos arregalados, de joelhos...rezando. O objeto menor que nos seguiu pela estrada passou várias vezes sobre o espaço que os agasalhava, em voos rasantes.
No dia seguinte...a notícia se espalhou. A Polícia Rodoviária, também, foi contemplada pela visita do objeto multicores, silencioso, reticencioso!