Eu não diria como Raul Seixas...nasci há dez mil anos atrás, mas nasci há muitos anos...
Gosto de gente, de estar com gente e sentir-me gente. Não sei muitas coisas, mas o pouco que sei aprendi com a sensibilidade de ser gente e viver com muita gente. Aprendi que educar se aprende educando com exemplo. O meu exemplo é o de estar junto, no mesmo plano, nas mesmas circunstâncias.
Toda a minha infância, adolescência ... anos passados nas escolas decorando o pescoço das minhas colegas sentadas à minha frente, sempre no mesmo lugar, com o mesmo perfil, o mesmo perfume. Tempos tingidos com as cores neutras, etéreas, sem brilho, sem riso... Tempos do magister dixit... e pronto! Mesmo assim... casei-me com o professor do curso Normal que abaixava a minha nota pela discordância com a minha letra. Segundo a avaliação dele, eu não possuia letra pedagógica... e não tenho!
Os tempos mudaram, tornei-me educadora. Na gestão da Educação foi possível facilitar a convivência dos alunos ... o layout da sala de aula em círculo! As relações tornaram-se leves, tranquilas, serenas, respeitosas, amorosas.
Estou aposentada há dez anos. E, hoje, li com bastante atenção e preocupação... escolas públicas estão exigindo alunos sentados à moda antiga, um lendo o silencioso perfil do outro, delimitados pelos mapas das carteiras. O aluno considerado um ser estático e não um agente no processo da construção da Educação. O silêncio impõe a barreira nas relações interpessoais.
O retrocesso continua a sua caminhada sub - reptícia.
"...estão muito ocupados pra pensar...", diria Raul.
Foto by Zaciss