Pedro acabara de completar cinco anos ...
quando uma enchente avassaladora passou pelo Rio Paraíba.
A escola onde eu trabalhava e, onde Pedro sempre visitava a avó , fora construida na bacia sedimentar do rio.
Os alunos do curso técnico em edificação transformaram as margens das belas águas, ancoradoras das correntezas, onde abraçavam o fundo da Escola, num belo projeto paisagístico acolhedor e protetor da mata nativa.
Um lindo espaço para compreensão dos processos da Natureza e a Educação Ambiental, além do culto ao belo e aos significados dos coloridos para a vida dos seres humanos e para o canto dos passarinhos.
As águas revoltas cobriram todo o trabalho dos alunos. Foram muitos meses de estudos, pesquisas e construção... totalmente submersos num só momento.
Eu e Pedro fomos visitar aquele preocupante momento da história da Escola. Fomos até à beira do Rio Paraíba. sentamos em um banco com a necessária segurança. Enquanto íamos observando o movimento bailarino das águas, íamos tentando compreender e traduzir as linguagens, recados, dores e, quem sabe, os amores daquele aguaceiro invasor.
De repente... surgiu uma garrafa pet boiando ... faceira, dançando a dança do descaminho.
Pedro olhou, segurou a cabeça à semelhanca da escultura de Auguste Rodan e, muito preocupado, me disse...
"_ vovó, por que fazem isso com as águas?
Ali não é lugar para jogar uma garrafa plástica."
E a garrafa parecia não ouvir o lamento da criança, preocupada com o amanhã do Planeta.
A irreverente pet ...
ia e vinha...
bailava contente
a dança do descaminho!