Cidade pequena... tudo vira festa ou nefasta ocasião.
Naquela tarde ensolarada, cheia de galhardia e sorrisos para a fantasia, chegaria de carro pela Via Dutra o Ministro de Estado para a solenidade de outorga do título de cidadão honorário. em agradecimento à benfeitoria junto à estrada vicinal que dá acesso à cidade.
O périplo começou quando o Prefeito pediu ao Secretário de Educação que o representasse no desembarque do Ministro. Ao chegar e não se deparar com o alcaide, a autoridade já se estremeceu e ruborizado se incandeceu.
À espera da excelência... muitas pessoas do povo e políticos, com as mais importantes fatiotas e sorridentes intenções. Afinal, não é sempre que autoridades do alto escalão visitam a pequena a urbe.
O cortejo seguiu meio esquisito da Via Dutra até o Clube Municipal, onde se daria a solenidade. O silêncio reinava cantante!
O homenageado chegou pelas mãos do designado e o beija mão logo se instalou. Orgulhosos, prefeitos e deputados se enfileiraram para a saudação ao Ministro de Estado. Moção de um lado... petição do outro, importâncias e desimportâncias desfilavam lado a lado.
O Clube todo enfeitado curvou - se ao evento e acolheu os comes e bebes que seriam servidos na festança.
Momentos depois... chegou ao local , sem graça e sem razão, o prefeito em questão.
Emplumou se, de braço com a primeira dama... e assumiu as honras da casa.
A sessão da Câmara não dava sinal de início... a presidenta não chegava com o esperado título guardado a sete chaves.
Cumprimentos e rapapés pra cá... indagações pra lá... cochichos... pé de orelha...
A hora passava e nem sinal da presidência.
Os comensais iniciaram a degustação. E... nada da senhora comparecer!
A noite chegou. Nuvens densas pairavam no ar. Depois de cinco horas à espera do dito título...
o Ministro , cada vez mais vermelhinho, partiu para nunca mais voltar.
A Câmara Municipal não se explicou.
A Presidenta .... somente no outro dia voltou!
O céu testemunhou...
a ousadia que ninguém imaginou!