Seguia a minha rotina diária, cedinho a caminho da escola
Entre o casarão onde morava e o prédio escolar... uns duzentos metros nos separavam. Obrigatoriamente,
o campo de futebol indicava o caminho.
Zazie, a cachorrinha da minha filha, minha companheira, sempre junto na lida da Escola Agrícola. A cachorrinha
funcionária pública, minha assistente, laçarote na cabeça, bailava triunfante.
Zazie... não gostava das vacas nelores, brancas, altivas, cheias de poderes no interior da fazenda. Era
uma latição só, quando se avistavam. Tudo isso acontecia nos espaços delimitados... vaca pra lá, Zazie pra cá.
Caminhos sem curvas, estrada sem pavimentação, pés cheios de poeira ou lama matreira.
Embora eu vivesse calçada com botas de canos altos, conforme recomendação do personagem de Monteiro Lobato, o Jeca Tatu, incidentes aconteciam... arranhões, torções...
Numa manhã muito fria, seguia encolhida com a Zazie ao meu lado, quando a cachorrinha viu as vacas... confusão
na toada! Algumas nelores escaparam dos seus espaços e prontas para o revide chegaram para o ataque.
Vi os chifres bailando na minha frente e o meu abdomem encolhido para não ser chifrado. E foi só correria...
corri até chegar à varanda da escola. Zazie enfrentava a fúria das nelores e eu a fúria do medo daquela tourada
feminina incorporada nas nelores.
Zazie e eu nada sofremos, mas a corrida foi espetacular!
Parece que as nelores quiseram somente delimitar territórios.
Fúria e euforia sem embolaram nas entranhas das elegantes e vibrantes vacas.
O dia seguiu contente...