Lavrinhas
....oito quilômetros da conurbada Cruzeiro, tudo depende da terra da Santa Cruz.
Do pãozinho francês aos cuidados médicos... do combustível aos remédios, dos alimentos à Educação, lavrinhenses seguram a mão do território ao lado.
Na minha adolescência o transporte sorria para os trens, momentos lúdicos e prazerosos na vida do povo.
Estudante pagava metade do valor da passagem. Meu sonho era viajar na varanda do trem e, também, conhecer a cabine da locomotiva. Não alcancei !...
Estudei em Cruzeiro no Instituto de Educação do ginásio ao pós Normal.
De Lavrinhas... éramos seis. As meninas preparavam-se para a sagrada carreira do magistério e os meninos... o curso científico. As meninas tornaram-se professoras e os meninos...um delegado de polícia, um militar e outro chegou a deputado federal na votação da Constituinte.
Quando o trem atrasava, a carona no caminhão do leite estava quase garantida. Todos na carroceria junto ao vento que embalava as cabeleiras da moças dos anos sessenta.
Ônibus... uma vez ao dia. Estrada não pavimentada apavorava os passantes.
Se não desse certo a viagem no trem, no ônibus, no caminhão leiteiro, a sola do sapato testemunhava a caminhada. O pelotão estudantil, sem dinheiro e sem cantil, seguia estrada afora, saudando o fim do dia.
Outras vezes, quando podia, meu pai me levava de bicicleta. A garupa estava certa. Na família, somente meu pai era o
proprietário do disputado veículo sobre duas rodas. Não atendia ao lazer, mas as necessidades fundamentais da família.
Os filhos disputavam o cumprimento de alguma tarefa para empoleirarem -se no instrumento de poder e lazer... a bicicleta!
Anunciado o asfalto para a nossa estrada, políticos se elegeram, discursaram, se encantaram. Os viventes da política marcaram a história no pequeno trecho e na memória. As linhas de ônibus aplaudiram a nova empreitada. O povo sorriu contente!
A bicicleta deu lugar ao veículo sobre quatro rodas!
Hoje...
sem ciclovias,
a bicicleta transporta o lazer,
o bem querer,
a alegria de viver!
foto by Zaciss