...depois de um dia intenso de trabalho, cheguei à casa onde morava... o casarão, cheio de ritos e mitos.
Cansada, tomei um bom banho e dirigi-me à cama.
O imenso quarto seguia mergulhado no silêncio daquela noite vazia,
sem o sereno dos céus, nem a música dos anjos.
Bem próximo dali, o enorme presídio abrigava o porão da humanidade.
Do lado de fora da imensa casa estava o segurança, tentando proteger a diretora naquele rincão esquecido no tempo e no sentimento. O dia seguinte se aproximava sussurando... "de novo, amanhã, tudo de novo".
Deitei-me na minha cama de casal, luzes apagadas. De repente ... ouvi uma respiração ofegante ao meu lado.
Acendi a luz... procurei pelo quarto, banheiro, closet... nada que justificasse aquele sussurrar das entranhas de algum pulmão entristecido.
Nada encontrado, apaguei a luz e retornei à minha cama. A respiração voltou num tom mais forte.
Não senti medo, mas voltei à busca. Nada!
Procurei o guarda e relatei a história. Ele arregalou os olhos e saimos à procura pela enorme casa.
A noite já se aproximava da virada do calendário. O imaginário montava os seus castelos...
Procura em vão. Nenhum sinal na escuridão.
Voltei para minha cama. Apaguei a luz. A respiração ao meu lado seguiu mais intensa.
Pensei, com certeza ... alguém respira por aqui... estarei sonhando? ... algum devaneio?
Novamente... levantei-me. Olhei para o lado vazio da cama de onde emanava o respiro e bradei:
_ quer dormir ai... durma, mas não perturbe o meu sono. Estou cansada!
A partir desse momento...nada mais aconteceu. Silêncio absoluto.
Dormi em paz!
O suspiro...
nunca mais voltou.
O encanto acabou!
foto by Zaciss